Equipas multissectoriais constituídas por técnicos do Ministério da Saúde (MISAU) e peritos da área de toxicologia de países parceiros continuam a trabalhar sem mãos a medir na recolha de mais outros elementos que podem ajudar a identificar a substância tóxica que causou a tragédia de Chitima, província central de Tete, onde em Janeiro último provocou a morte de 75 pessoas.
O trabalho de seguimento resulta do facto de a testagem de mais de 200 produtos prováveis em laboratórios moçambicanos ter fornecido um resultado negativo que, aliás, foi corroborado pelas análises enviadas a Portugal que não identificaram nenhum “agente tóxico”.
“Continuamos a trabalhar e não estamos parados. Continuaremos a procurar a causa da tragédia para evitar que casos idênticos aconteçam no futuro”, disse hoje a Ministra da Saúde, Nazira Abdula, falando em Maputo, a margem do acto de lançamento da Campanha de Sensibilização e Mobilização sobre a Luta contra o Cancro.
Abdula disse, por outro lado, que decorrem trabalhos epidemiológicos, porque não se está só dependente das análises laboratoriais e é preciso encontrar os outros tóxicos possíveis que lá possam estar e que não foram testados.
Os peritos trabalham inclusive na recolha de plantas nativas em Chitima e exercício idêntico será feito na fronteira com o vizinho Zimbabwe e, para o efeito, os especialistas no terreno pedem que mais lhes seja dado, por se tratar de uma investigação complicada.
“Estamos a trabalhar nas plantas, porque como sabem houve a intervenção de um praticante de medicina tradicional, e nós estamos preocupados em identificar que tipo de plantas que são usadas naquela região”, explicou a ministra.
A titular da pasta da saúde disse que na altura em que sucederam as mortes foram recolhidas amostras da urina tanto das vítimas quanto dos pacientes internados, o suco gástrico, feitas autópsias, recolhidos alguns tecidos e também estão a ser testadas, mas tudo isso requer algum tempo.
“A tecnologia, segundo a ministra, obriga a alguns passos sejam seguidos e todas as peças das autópsias recolhidas estão no serviço de medicina legal”, explicou a fonte.
A África do Sul, país parceiro envolvido nos esforços de identificação do tóxico que vitimou 75 das 177 pessoas intoxicadas, ainda não enviou as respostas. O Centro de Controlo de Doenças (CDC) dos Estados Unidos também continua a realizar as análises das amostras recolhidas.
Apesar de estarem ainda a decorrer as análises laboratoriais que vão confirmar ou desmentir as hipóteses de uma presumível intoxicação do “phombe”, bebida de fermentação caseira, os estudos já feitos anulam a possibilidade de a bílis de crocodilo ser a causa da tragédia.
Segundo o farmacologista clínico Norman Nyazema, agora na Universidade de Limpopo, na África do Sul, a bílis de crocodilo constitui uma substância não tóxica e contém apenas os mesmos ácidos biliares que usam os seres humanos para a digestão de alimentos.
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Fonte: RM