A China já é o maior credor de Moçambique, depois de ter aumentado em 160 por cento, desde 2012, o financiamento ao país, onde estão a ser preparados importantes investimentos com capital do país asiático.
O peso do financiamento da China em Moçambique deverá crescer quase 50 por cento face aos valores actuais do crédito bilateral concedido, com um novo empréstimo de 400 milhões de dólares recentemente anunciado.O novo empréstimo destina-se à construção de uma linha de transmissão eléctrica de 600 quilómetros entre as províncias da Zambézia e Nampula, segundo informações avançadas pelo Governo moçambicano.
A agência macauhub refere que se deverá iniciar em breve a construção da central norte do aproveitamento hidroeléctrico de Cahora Bassa, projecto avaliado pelo Governo moçambicano em 413 milhões de euros (368 milhões de euros) que conta com o interesse da China Three Gorges e da State Grid.A State Grid pretende ainda financiar e construir a central hidroeléctrica de Mpanda Nkua, projectada para ser a segunda maior hidroeléctrica do país e entregue a construtoras brasileiras em 2010, mas que se deparou com dificuldades.
Segundo dados compilados pelo banco português no seu último relatório sobre Moçambique, a dívida total à China estava em 886 milhões de dólares em 2014, mais 160 por cento do que em 2012, quando o principal credor de Moçambique era ainda Portugal.
A dívida à China representa já cerca de um terço do total da dívida de Moçambique, que quase duplicou desde 2010.Para o aumento recente da dívida “contribuíram essencialmente a contratação de empréstimos bilaterais com a China, que representaram cerca de 70 por cento dos novos desembolsos em 2014”, a par de empréstimos multilaterais, refere o relatório do BPI.
O recurso ao financiamento externo tem sido uma forma de Moçambique compensar as quebras nas receitas extraordinárias e donativos, que se traduziram num aumento do défice orçamental do Estado.
O BPI prevê que a dívida pública continue, neste cenário, a aumentar para “patamares considerados elevados para um país com o nível de desenvolvimento de Moçambique”, e recomenda a acção ao nível do défice público, mesmo tendo em conta que o esperado crescimento económico tenderá a “diluir os níveis de dívida”.No ano passado, o ritmo de expansão da economia continuou “elevado”, afirma, acima dos 7 por cento pelo quarto ano consecutivo, graças aos sectores da indústria extractiva, construção e serviços financeiros. Este ano, é possível que o crescimento “desacelere ligeiramente” em relação aos 7,5 por cento estimados pelo Governo de Moçambique, mas ainda assim “as perspectivas económicas para Moçambique se mantêm amplamente positivas, com taxas de crescimento robustas potenciadas pelos mega-projectos e taxas de inflação reduzidas”.
Alguns recuos recentes de investimentos no sector do carvão, devido à queda da cotação desta matéria-prima, têm sido compensados por novos acordos assinados, nomeadamente com empresas chinesas, afirma o BPI.
fonte: Jornal Noticias